segunda-feira, 25 de abril de 2016

MÃE DESNECESSÁRIA




MÃE (DESNECESSÁRIA)

                                                                Márcia Neder

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo.

Várias  vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. Até agora. Agora, quando minha filha de 18 anos começa a dar vôos-solo.

Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos.
Uma batalha hercúlea, confesso.

Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. 

Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também.

A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical.
A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. 
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida.

Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo.

O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.

Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.
Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.


Selecionei este texto para contextualizar com o mês das mães, maio que está chegando. E a melhor justificativa para a reflexão que ele sugere, vem de Dalai Lama: 
"Dê a quem você ama :
Asas para voar...
Raízes para voltar...  
Motivos para ficar...

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